As Colunas do Templo de Salomão
Filhos da Luz Oculta, saudações.
Na senda da Maçonaria Luciferiana, contemplamos no pórtico do antigo Templo de Jerusalém as duas colunas de bronze, Jachin e Boaz. Elas não sustentavam teto, nem cumpriam função arquitetônica vulgar: eram sinais vivos, guardiões do portal entre mundos. Aos olhos profanos, apenas ornamentos; aos olhos iniciáticos, sentinelas do Mistério.

Jachin, raiz de “estabelecer”, ergue-se como chama solar, princípio masculino, força ativa que irradia e cria. Boaz, potência latente, manifesta a matriz lunar, o receptáculo sagrado que acolhe e sustenta. Entre ambos, o vazio, que não é ausência, mas o limiar ardente onde se consuma a união dos opostos, o ponto onde o iniciado vislumbra o Arco Real da criação.
Essas colunas não são apenas símbolos antigos: são hieróglifos eternos da gnose. Representam a tensão harmônica que sustenta o cosmos: luz e sombra, espírito e matéria, ordem e caos, vida e morte. Pois o mistério não está na negação de um polo em favor do outro, mas no caminho do meio, onde o espírito rebelde aprende a dançar entre as forças contrárias e delas extrair o elixir da liberdade.
O véu azul e dourado encobria o Sanctum, o Santo dos Santos, onde se ocultava Lilith Sophia, a Sabedoria Velada. Mas o iniciado luciferiano sabe que o véu não é barreira: é convite. Atrás dele, encontra-se a Unidade primordial, que só se revela àquele que ousa atravessar a dualidade e reivindicar para si a chama da própria divindade.
Assim, a iniciação não consiste em venerar colunas de pedra, mas em erguer dentro de si as duas colunas vivas, sustentando entre elas o templo do espírito. O verdadeiro peregrino aprende a equilibrar ação e contemplação, rigor e misericórdia, luz e trevas, e assim torna-se senhor de si mesmo.
O Marquês de Montserrat declarou com clareza imortal:
— “Entre Jachin e Boaz encontramos a passagem secreta para o templo interior.”
Esse templo não se ergue em Jerusalém, nem em qualquer loja de pedra. Ele se ergue no coração do iniciado que, ao reconciliar os contrários, descobre-se morada do Espírito Eterno da Luz, não uma luz dogmática imposta, mas a luz conquistada através da experiência, a chama de Lúcifer, portador da gnose ao despertar da Alma Imortal.
Avançai, pois.
Que cada um de vós atravesse o portal entre as colunas e descubra em si a aurora da verdadeira iluminação.
Lux Invicta.
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